sexta-feira, 19 de junho de 2009

"Dicionários" de Millôr fernandes

Dicionário Irrefletido

Abacate: Com açúcar, é considerado a fruta mais doce do Brasil.
Academia: Organização fundada, dizem, por Platão e seus amiguinhos filósofos, quando encontraram um jardim (de Academus, claro) onde podiam ensinar, sobretudo à garotada, altas ideias, e gostosas marginalidades. (Vide Sócrates. Ou não vide.)
Ano: Trezentos e sessenta e cinco dias. E seis horas de lambuja.
Antropometria: Se Protágoras estava certo quando dizia (num desvairado antropomorfismo) que o homem é a medida de todas as coisas, então o pênis dele era o sistema métrico.
Crase: "A crase não foi feita pra humilhar ninguém." (Ferreira Gullar) A crase não existe no Brasil. É uma invenção de gramáticos. Nunca ouvimos ninguém falando com crase.
Descrente: Indivíduo que crê piamente na descrença.
Especialista: O que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Com a descoberta da nanociência, infinitamente menos sobre infinitamente mais.
Fé: Está bem que você acredite em Deus. Mas vai armado.
Grafite: "Eu odeio grafites!" (Grafite em Roma)
História: Uma coisa que não aconteceu contada por alguém que não estava lá.
Ideologia: Bitola estreita para orientar o pensamento. Não existe pensador católico. Não existe pensador marxista. Existe pensador. Preso a nada. Pensa, a todo risco. A ideologia leva à idolatria, à feitura e adoração de mitos. E, finalmente, ao boquete ideológico.
Justiça: Sistema de leis legalizando a injustiça.
Lapidar: Verbo antigamente usado para atirar pedras em mulheres adúlteras. Hoje, desmoralizado no ocidente como punição, serve como prêmio e alto elogio: "Teu artigo, escritor, é lapidar". Também usado nos cemitérios (nas lápides) para elogios fúnebres. Não há canalhas nos cemitérios.
Medida: "Todo homem nasce duas doses abaixo do normal." (Humphrey Bogart)
Meyer: Bairro do Rio de Janeiro. Quando nasci, o Meyer era o umbigo do mundo. Vivíamos com a consciência, inconsciente, de que nunca teríamos que abandonar o bairro e a cidade (como muito mais tarde eu iria aprender que era o normal na maior parte das cidades pobres e tristes do Brasil) para sobreviver.
Ofensas: "O perdão às ofensas é uma grande virtude." (Moralismo tedioso de Machado de Assis. Do livro Pensamentos e reflexões de Machado de Assis)
Pão: O pão que o diabo amassou. Expressão incompreensível pois em nenhum lugar da Bíblia ou da História se diz que o Diabo era padeiro.
Propaganda: A madrasta da prostituição.
Televisão: Maravilha tequinológica que levou ao extremo o barateamento da popularidade. Criando a glória prêt-à-porter.
Variante: O gay põe sempre o carro adiante dos boys.





Dicionário etimoLÓGICO I

Dicionário Português-Português

Armarinho - Vento que vem do mar.
Barganhar - Herdar um botequim.
Barracão - Cidadão que proíbe a entrada de cães.
Cerveja - Sonho de toda revista.
Coitado - Estuprado.
Democracia - Sistema de governo do inferno.
Detergente - Ato de deter pessoas.
Homossexual - Sabão em pó para lavar partes íntimas.
Missão - Culto religioso desses que enchem o saco.
Padrão - Padre muito alto.
Presidiário - Indivíduo preso todos os dias.
Unção - Um que não está doente.


Dicionário etimoLÓGICO II

Comerciante - Se alimenta em frente.
Comensal - Se alimenta com cloreto de sódio.
Comichão - Devora terra.
Comodista- A que distância fica?
Comover - Maneira de olhar.
Compenetrar - Entrar a pé.
Competição - Tem um pé de crioulo.
Consumo - O que ainda não foi expremido.
Convocação- Tem avô de filhote de tubarão.
Demolição- Aula do diabo.
Demover - Olhar o diabo.
Desenvolta - Dez pessoas cercando uma.
Desespero - Aguardo uma dezena.
Destroços - Uma dezena de coisas.
Dogmatizar - Misturar cães ingleses.
Filatelia - Tomava conhecimento de tuas idéias o pessoal que esperava um atrás do outro.
Informação - Está se fazendo.
Janota - Começa a perceber.
Jogador - Sujeito que arrisca a dor alheia.
Leiteria - Possuiria postulados legais.
Manutenção - O nervosismo do irmão.
Maratona - À superfície do oceano.
Marfim - Onde acaba o oceano.
Mortificar - Transformar-se em defunto.
Novecentos - Sujeito que vê centenas de nós por toda parte.
Obtemperar - Fazer salada com a letra B.


Calvin & Haroldo


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Pescaria

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10 reflequições

I- Todo mundo viaja. Poucos chegam Lá.

II- As guerras acabam. Mas as ruas nunca ficam prontas.

III- Tinha um ar soberbo. Totalmente poluído.

IV- Dizia "Minha cara metade", como quem reclama do preço.

V- Confesso: sou pior sozinho do que mal acompanhado.

VI- Repara: quando você aprende uma palavra nova, ela aparece em todos os lugares.

VII- Solitário dorme sozinho. Rejeitado acorda sozinho.

VIII- Mostrei-lhe a lua no horizonte, redonda, linda. Mas ela prefere o Faustão.

IX- Não há pessoa mais chata do que você mesmo. Fuja da solidão.

X- Fica frio, amigo, não foi o brasileiro o inventor da corrupção. Baseado no mais profundo ensinamento da minha religião, a corrupção começou no Princípio dos Princípios, justamente no Jardim do Éden. Quando os dois proto-Safados, corrompidos pela Serpente, desrespeitaram a Lei do Senhor e comeram o Fruto da Ciência do Bem e do Mal, o desrespeito espantoso ficou conhecido como A Queda. Mas não passou assim pelo Todo (como era conhecido o Todo-Poderoso), que condenou os três culpados por uso indevido de bem público e formação de quadrilha. Logo o Anjo Gabriel, executor das ordens do Supremo, expulsou Adão e Eva do Paraíso, obrigando-os a viver na periferia, a leste do Éden. Mas a Serpente, misteriosamente, nunca foi punida.

Millôr Fernandes

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fabulas de Esopo

A Baposa e o Rode

Por um asino do destar uma rapiu caosa num pundo profoço do quir não consegual saiu. Um rode, passi por alando, algois tem detempo, vosa a rapendo, foi mordade pela curiosidido. "Queradre comida, qué ê que esti fazá aendo?" "Voção entê são nabe?" respondosa a rapreira mateu. "Vaí em a mais terreca sível de teste a histoda do nordória. Salti aquei no foço deste pundo e guardarar a ei que brotágua sim pra mó. Porér, se vocem quisê, como é mau compedre, per me fazia companhode. "Sem pensezes duas var o bem saltode tambou no pundo do foço. A rapente, imediatamosa, trepostas nas cou-lhes, apoífre num dos xides do bou-se e salfoço tora do fou enquava berranto: "Adadre, compeus!"

MORAL: JAMIE CONFAIS EM QUA ESTADE EM DIFICULDÉM.




O Macorvo e o Caco

Andesta na florando um enaco macorme avistorvo um cou com um beço pedalo de quico no beijo. "Ver comou aqueijo quele ou não me chaco macamo", vangloriaco o macouse de sara pigo consi.

E berrorvo para o cou: "Oládre compá! Voçá estê bonoje hito! Loso, maravilhindo! Jami o vais tem bão Nante, brilhio, luzidegro. Poje que enso, se quisasse canter, sua vém tamboz serela a mais bia de testa a floroda. Gostarilo de ouvia, comporvo cadre, per podara dizodo a tundo mer que vocé ê o Rássaros dos Pei". Caorvo na cantida o cado abico o briu a far de cantim sor melhão cansua.

Naturalmeijo o quente caão no chiu e fente imediatamoi devoraco pelo astaco macuto. "Obriqueijo pelo gado!", gritiz o felaco macou. "E a far de provim o mento agradecimeu var lhe delho um consou:

JAMIE CONFAIS EM PACOS-SUXA."



TARDE DE MAIO

Como esses primitivos que carregam por toda parte o maxilar inferior de
seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não-perceptível, e tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh'alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza sem fruto.

Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto, e passa...
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.

Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.

E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.

Não há nunca testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muitos.
Quem reconhece o drama, quando se precipita sem máscaras?
Se morro de amor, todos o ignoram
e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.
O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 13 de junho de 2009

O Maiô Biquíni


No princípio era verbo. Depois vieram os advérbios, os pronomes, as preposições e as interjeições. (Vide nota sobre o CHUVEIRO.) No tempo em que o verbo andava solto nas campinas do Éden, as senhoras costumavam sair à rua completamente despidas, de acordo com a última moda. Depois vieram as folhas de parreira, as tangas, os longos vestidos: a mulher tinha descoberto o pudor. Que é como se chama esconder o corpo para só exibi-lo em ocasiões propícias e particulares.

Mas como a concorrência no século XX passou a ser brutal, as mulheres começaram novamente a se despir em público. Reduziram as saias de sete para nenhuma, transformaram a blusa em um pano cruzado sobre o busto (eis-me pudico!) e acabaram reduzindo tudo ao mínimo essencial, que é menor do que o próprio nome: biquíni. As consequências vão ilustradas no desenho e podem ser verificadas no IBGE. Pois, como dizia para a filha extremamente hodierna aquela senhora conservadora: "Ah, menina, se no meu tempo se usasse essa espécie de maiô, você seria pelo menos seis anos mais velha".

Millôr Fernandes

Poema Ficha Identidade

Nome:
Quem ou qualquer,
Em código binário.

Data de nascimento:
Já esqueci.
Mas foi há quase sempre.

Ambições:
Não quero.
Se quero, não me dão.
Não peço.
Não ofereço.

Deveres:
Completar o trajeto.
Trocar as ferraduras.

Religião:
Resumo de todas
As descrenças.
Desprezo por quem acha
Que existe o que não há.

Até onde?
Até o fim do espaço
De que me deram,
Do limite do tempo.
Que não tenho.

Resumo:
Conservar o espanto constante,
De dois olhos.
E ver.
Conhecer lugares gravados
Em olhos cegos.


Millôr Fernandes

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fantastica Mafalda














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Hägar, o horrivel



























Favor clicar na imagem p/ ver as tirinhas completas!

Coletanêa de frases

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Clarice Lispector
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."Clarice Lispector
"As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!"
Bob Marley
"As grandes idéias surgem da observação dos pequenos detalhes".Augusto Cury
"Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram."Voltaire

Presença Teimosa

Vivemos em uma sociedade em que, teoricamente, somos todos iguais, uns aos outros, só que na pratica não é bem assim, pois existem indivíduos dessa sociedade, que se diferenciam, como por exemplo, um individuo que se declara da tribo dos Emos. Ele irá sofrer, com certeza, preconceito da sociedade que o irá julgar como um “mané” que ouve musicas idiotas, chora a toa e se veste de preto; também irá sofrer o sujeito que se assumir gay, pois índices de pesquisas mostram que “só” 50% da sociedade tem preconceito contra os gays; e o negro nem se fala, pois 86% da sociedade tem preconceito contra ele.

Podemos então dizer que nossa sociedade está infestada pela “teimosa presença” de uma praga chamada preconceito, que só serve para promover um segregação social, onde membros dessa sociedade são separados por quesitos

No filme Billy Elliot temos vários tipos de preconceito, pois na sua história, que fala de um garoto de 11 anos que fazia aulas de boxe pelo gosto do pai, mas ele resolve trocar as luvas por sapatilhas e começa a dançar balé, e, portanto acaba sofrendo preconceito, pois todos seus conhecidos e até seu pai tem a idéia de que balé é para mulheres, e os homens que dançam balé são veados. Há no filme também o preconceito contra o negro, pois ele só aparece uma vez no filme e acompanhado de um cara que era gay e aí temos aquela velha e maldosa sexualização do negro.

Portanto devemos fazer a nossa parte, que seria não disseminar o preconceito e abominar qualquer tipo de pratica do mesmo e repreender o agente de tal ação, pois se cada um fizer sua parte nós estaremos eliminando a “praga preconceito”.


Maurício Vitali

quinta-feira, 11 de junho de 2009

PROCURA DA POESIA

Não faças versos sobre acontecimentos.

Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Carlos Drummond de Andrade

Análise Billy Elliot

O filme "Billy Elliot" conta a história de um menino chamado Billy Elliot, de 11 anos que vive em um cenário um tanto conturbado, pois sua cidade na Inglaterra está sendo "sacudida" por uma forte greve de trabalhadores de uma mina de carvão, e dois destes grevistas são seu o pai e o seu irmão mais velho. Billy faz tudo como um garoto "normal", pois estuda, tem amigos, cuida de sua avó e faz boxe. Até que um belo dia ele faz, por acaso,faz uma aula de balé e acaba se identificando e gostando da dança e então, escondido da família, troca o boxe pelo balé e a professora vê que ele tem um grande talento como dançarino e vai falar com sua família para ele fazer um teste para uma famosa escola de dança, mas a reação da família é a pior possível, pois no momento em que o pai e o irmão de Billy o vêem como dançarino de balé, entra o velho e bobo preconceito de que todo dançarino de balé é gay.

Com isso Billy é afastado da dança pelo pai, até que este vê que o filho tem talento e passa por cima da educação que recebeu, que dizia que coisa de homem é boxe e balé é coisa para "bichinha" e seu irmão no começo achou a ideia do balé uma sandice, mas no final deu a maior força para Billy. Existe também no filme um amigo de Billy que o incentivava para dançar, só que desde aquela idade ele apresenta fortes indícios de ser homossexual, como se maquiar e experimentar os vestidos da mãe, mas Billy não se importa e continua sendo seu amigo normalmente.

Billy entra para a tal escola de dança famosa e se torna um dançarino consagrado e esforçado e com todo apoio de sua família que deixou de ter o preconceito contra dançarinos de balé só porque viveram "na pele" e viram que não há nada de mais em dançar pois isso não afeta a sexualidade de ninguém, mas se afetasse qual o problema?

No filme há também o medo que o pai de Billy em o que seus amigos, conhecidos, parentes e afins iam pensar de seu filho dançando balé, pois no censo-comum quem dança balé é mulher e "bicha", mas como já foi dito, ele deixou esse medo, que seria preconceito, quando viu isso em sua família. Além de preconceito contra o gay, há também preconceito contra o negro-e seria a sua sexualização, que aparece uma única vez no filme e nessa passagem ele está no teatro como o companheiro do amigo de Billy, que virou gay, e o pai e irmão de Billy ficam espantado com aquilo, mas nós não devemos culpa-los porque esse preconceito foi "implantado" na sociedade por algum biltre e acabou passando de pai para filho (sem generalizar, pois há excepções, mostrando que ainda existe gente inteligente no mundo) e praticamente tornando-se "parte da cultura" sair por ai falando mal não só de gays, mas tambem de negros e etc...

Resumindo o filme mostra que só porque um homem quer dançar balé, não quer dizer que ele seja gay e se for não há problema; mostra também que se você descobrir que um amigo seu é gay assumido, você não só deve continuar amigo dele, mas também deve admira-lo por tamanha coragem de expor diante da sociedade, que é extremamente preconceituosa; e aparece também que se você quer fazer algo, mas tem medo do que sua família ou os outro vão pensar, não se reprima!, sem medo de ser feliz.

Poesia Concretista

NASCE MORRE


Haroldo de Campos



Nota: A IMAGEM VISUAL nos conduz à continuidade e ao círculo fechado. O ciclo da unidade maior ao ciclo da unicidade menor: sílaba-feto / palavra-vida / sílaba-pó. Opera-se uma seleção fonológica: des /re /mo /rre /nas /ce. Utiliza-se esta seleção fonológica como matéria-prima. Morre / nasce / remorre / renasce / desmorre / desnasce / morre /.Opera-se uma série de movimentações iterativas e interativas entre este plano fonológico e o plano morfológico. Há uma correlação entre o ritmo fonológico (assinalado pelo dinamismo proporcionado pela assonância a/o/e e pela aglutinação sucessiva do consonantalismo r/rr/n/s/sc/d/m/, que se sintetizam em R/S/D/M/N/), e esta seleção convergente do morfológico enquanto sintagma verbal, matéria-prima que é (pela própria semântica de sua classe de palavra) enquanto verbo de ação, presença do dinamismo. Os sintagmas fonológicos RE/SE/ vão constituir uma delimitação etmológica, sintática e rítmica do círculo fechado sílaba-feto/sílaba-palavra / sílaba-pó. Para este círculo convergem a continuidade: rítmica, pospocional e semântica que permite uma leitura: nasce, morre, desnasce, desmorre, nasce, morre. Na qual a introdução do eu é marcada pelo sintagma fonológico delimitador se em sua situação analógica a um sujeito indeterminado impessoalmente, e ao redobro desta situação assinalada pela função etmológica do outro sintagma delimitador /re/.

Por Antonio Sérgio Mendonça