quinta-feira, 11 de junho de 2009

Poesia Concretista

NASCE MORRE


Haroldo de Campos



Nota: A IMAGEM VISUAL nos conduz à continuidade e ao círculo fechado. O ciclo da unidade maior ao ciclo da unicidade menor: sílaba-feto / palavra-vida / sílaba-pó. Opera-se uma seleção fonológica: des /re /mo /rre /nas /ce. Utiliza-se esta seleção fonológica como matéria-prima. Morre / nasce / remorre / renasce / desmorre / desnasce / morre /.Opera-se uma série de movimentações iterativas e interativas entre este plano fonológico e o plano morfológico. Há uma correlação entre o ritmo fonológico (assinalado pelo dinamismo proporcionado pela assonância a/o/e e pela aglutinação sucessiva do consonantalismo r/rr/n/s/sc/d/m/, que se sintetizam em R/S/D/M/N/), e esta seleção convergente do morfológico enquanto sintagma verbal, matéria-prima que é (pela própria semântica de sua classe de palavra) enquanto verbo de ação, presença do dinamismo. Os sintagmas fonológicos RE/SE/ vão constituir uma delimitação etmológica, sintática e rítmica do círculo fechado sílaba-feto/sílaba-palavra / sílaba-pó. Para este círculo convergem a continuidade: rítmica, pospocional e semântica que permite uma leitura: nasce, morre, desnasce, desmorre, nasce, morre. Na qual a introdução do eu é marcada pelo sintagma fonológico delimitador se em sua situação analógica a um sujeito indeterminado impessoalmente, e ao redobro desta situação assinalada pela função etmológica do outro sintagma delimitador /re/.

Por Antonio Sérgio Mendonça



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