segunda-feira, 1 de junho de 2009

PRESCRITIVA x DESCRITIVA

Gramática tradicional, normativa, ou prescritiva são os termos usados para referir-se a todo estudo de cunho gramatical anterior ao advento da ciência lingüística. Como o próprio nome define, a gramática prescritiva é uma tentativa de estabelecer um ordenamento lógico em um determinado idioma e definir normas que vão determinar o que é apropriado no uso desse idioma. Daí surge a noção de certo e errado. Aquilo que não estiver de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como inadequado. Esta teoria predominou desde meados do século 18 até o início deste século, e é ainda encontrada no currículo de muitas escolas hoje.

A partir das décadas de 1920 e 1930, a teoria do estruturalismo em lingüística (Ferdinand de Saussure na Europa e Leonard Bloomfield nos EUA) passou a questionar a visão prescritiva. No estruturalismo, o fenômeno existente é o ponto de partida. Observar o fenômeno da linguagem de fato e descrevê-lo passou a ser mais importante do que prescrever como esse fenômeno deveria ser.

Nos anos 60, a partir do trabalho do norte-americano Noam Chomsky, a teoria lingüística gerativo-transformacional revolucionou conceitos e trouxe um elemento novo: o de que a linguagem humana é criativa, e de que a capacidade (competence) de um native speaker com bom grau de instrução, através da qual ele consegue produzir um número ilimitado de frases, é que determina a "gramaticalidade" ou a "aceitabilidade" da língua.

Por um lado a nova gramática gerativo-transformacional representou um movimento em oposição ao então predominante estruturalismo, mas por outro lado ambos se opõem radicalmente à rigidez da lingüística prescritiva. Isto coloca o estudo da gramática, quanto a seu aspecto funcional, no papel de descritiva e não normativa. Levando nosso raciocínio ao extremo, poderíamos dizer que se gramática fosse prescritiva, devêssemos talvez voltar a usar o latim vulgar em vez do português.

O fato é que regras gramaticais são úteis se dinâmicas, se relativas e não absolutas. Devem acompanhar com agilidade as transformações que inexoravelmente ocorrem em todos os idiomas, ao sabor de fenômenos sociais, culturais, econômicos, etc.


fonte:http://www.sk.com.br/sk-grint.html

2 comentários:

  1. Apesar do texto ser antigo, mas procede. Via de regra, realmente não poderíamos estudar o LATIM.
    Atualmente, ainda estudamos nas Universidades a Gramática de forma separada, isto é, a Normativa que não aproveita a realidade, não usa o processo empírico, impõe conceitos; Descritiva, impõe normas a partir de observações e conceitos oriundos de conceitos antigos, fora da realidade e, por fim, a Internalizada como processo do cotidiano da lingua, levando em conta o regionalismo e prática usual, alguns momentos, e a culta em outros momentos. Temos que conciliar esses conceitos.

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  2. Gostei da explanação do Vitali. Nem tanto ao sol, com uma gramática absoluta, tipo linguagem perfeita e rígida, aquela que Chomsky desconstruiu. Nem tanto à terra, postulando-se a proliferação e os aplausos a dialetos pessoais,verdadeiramente sequência de gírias, que prejudiquem a compreensão mais extensa no coletivo dos falantes de certo idioma, colocando em risco a sobrevivência dinâmica dessa língua.

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